Patriarcas com histórias de superação da doença comemoram, neste domingo, nova chance de celebrar a vida e receber o carinho dos familiares

O Dia dos Avós, celebrado neste domingo (26/7), tem contornos especiais para sobreviventes da Covid-19. Patriarcas e matriarcas com histórias de superação da doença comemoram a data, este ano, de maneira mais intensa. Aproveitam, ainda, para receber o amor da família em nova oportunidade da vida. Seja de pertinho, com parentes que moram sobre o mesmo teto; seja a distância, por meio de demonstrações de carinho virtuais.

Neta mais velha de Andrelina Maria de Jesus, a analista comercial Loyane Dias, de 38 anos, é vizinha da avó e preparou um culto de Ação de Graças para comemorar a data e a recuperação da progenitora.

Andrelina, de 87 anos, foi a única da família a contrair o coronavírus. “O diagnóstico justo na pessoa mais idosa da família foi um baque imenso na minha vida. Trabalho em um hospital e vejo óbitos diários em decorrência da doença. Torcia para que o vírus nunca chegasse dentro da minha casa, mas chegou, e atingiu logo a pessoa mais frágil”, lembra a neta.

A idosa precisou ser hospitalizada em dois centros de saúde do Distrito Federal e, após um mês de internação, recebeu alta aplaudida por médicos e enfermeiros. “Minha avó é alegre e paparica todos a volta. Sua energia conseguiu contagiar os funcionários dos hospitais, mesmo naquele cenário de caos. Foi muito bom vê-la não perder a essência, independente da circunstância. Podemos dizer que a doença, apesar dos pesares, nos ensinou muito. Saímos dela pessoas melhores e mais gratas pelo nosso laço familiar”.

Mônica Maia, de 58 anos, tem dois netos e orgulha-se de fazer parte das estatísticas de sobreviventes da pandemia. “Ao descobrir que a babá do meu neto, com quem tive contato dias antes, havia sido diagnosticada com a Covid-19, fui ao laboratório e acabei testando positivo também. Descobrir a doença foi assustador, ainda mais porque minha neta mais nova estava prestes a nascer”, revela Mônica.

Felizmente, a aposentada não apresentou sintomas e, portanto, não precisou ser hospitalizada. Ela conseguiu ver o tão sonhado nascimento da neta.

“O coronavírus me deu um sentido de família maior. Com a doença, percebi o quanto tenho a comemorar, no Dia dos Avós ou em qualquer outra dia”, diz. Ela pretende passar a data rodeada pelos netos, ainda que virtualmente.

A aposentada Mônica Maia é avó de duas crianças: Thomas, de 3 anos, e Antonella, recém-nascida. Graças à vitória contra a Covid-19, ela pode conhecer a neta Arquivo pessoal
foto de personagem e família

A cena de Matias Gomes de Sousa, de 80 anos, e Maria José da Silva Gomes, de 78, comemorando bodas de ouro em hospital da Asa Sul ganhou os noticiários locais e comoveu os brasilienses no início deste mês. Agora, já em casa, o casal pode comemorar o domingo especial ao lado da neta Clarisse, que se mudou para o lar dos avós para ajudá-los durante a pandemia.

Quem pegou Covid-19 está imune?

Uma pessoa que já pegou Covid-19 está imune ou ainda corre riscos de contrair a doença? Estudos avançam em relação ao questionamento e têm mostrado que a imunidade ao novo coronavírus dura poucos meses. A pesquisa mais recente, publicada em versão preliminar no site medRxiv, sugere que os anticorpos reduzem significativamente após 90 dias.

O médico Anthony Fauci, líder da força-tarefa contra o coronavírus dos Estados Unidos e um dos maiores especialistas do mundo em doenças infecciosas, porém, afiram que a probabilidade de uma reinfecção é remota.

No entanto, até a comunidade científica ter informações mais esclarecedoras sobre a doença, o aconselhado é seguir com as medidas de distanciamento social, além de adotar as práticas mais intensas de higiene pessoal para a vida. Por isso, mesmo com alta, as vovós e vovôs ouvidos pela reportagem seguem em distanciamento, para evitar a propagação da doença viral.

 


Bruna Nardelli | bruna.nardelli@metropoles.com | 26/07/2020 5:30